Entre os jogos do poder e os abismos da paixão, José Sarney revisita um de seus romances mais ousados. No relançamento de A Duquesa vale uma missa, o autor surpreende ao apresentar um final alternativo, escrito especialmente para esta nova edição que chega ao público junto aos outros dois relançamentos — O dono do mar e Saraminda. A novidade oferece aos leitores a chance de reencontrar a obra por outro ângulo, ampliando as camadas de sentido e provocando novas interpretações.
Publicado originalmente em 2007, o romance recria um universo onde história e fantasia se misturam de forma vertiginosa. Sarney mergulha nas sombras de Henrique IV, rei da França, e de Gabrielle d’Estrées, sua amante, cuja presença cruza séculos como o espectro de um amor proibido e avassalador. O enredo propõe um jogo literário onde os limites entre realidade, delírio, desejo e poder se dissolvem, revelando o quanto homens e mulheres conseguem sacrificar — ou perder — em nome da ambição e do amor.
Nesta edição revisitada, o final alternativo surge como um convite à releitura. Não se trata somente de modificar o desfecho, mas de oferecer uma nova chave interpretativa para o romance. Sarney reabre as possibilidades da trama, desloca expectativas e propõe uma conclusão que dialoga com o espírito da obra, mas a partir de outro olhar. O acréscimo traz mais profundidade ao percurso do protagonista Leonardo e expande o impacto emocional da história.
Ao apresentar duas possibilidades de encerramento, o autor acentua justamente um dos temas centrais do livro: a instabilidade entre destino e escolha. O leitor é convidado a refletir sobre as forças que moldam a trajetória humana — paixão, memória, culpa, fé, poder — e sobre como uma pequena mudança pode alterar toda a narrativa, real ou imaginária.
O relançamento com final alternativo reforça a vitalidade da ficção de José Sarney, que permanece dedicado a revisitar suas obras e a dialogar com novos públicos. Com essa nova edição, A Duquesa vale uma missa consolida-se não apenas como uma das narrativas mais envolventes do autor, mas também como um experimento literário que desafia o leitor a cruzar textos, tempos e destinos.