Carlos Heitor Cony

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[vc_row][vc_column][apress_heading sub_title=”Da Academia Brasileira de Letras. Prefácio da 1a Edição, 2000.” content_alignment=”right” delimiter_line_height=”1″ delimiter_line_width=”” color_scheme=”design_your_own” main_heading_color=”#000000″ style=”heading_style5″ title_font_options=”tag:h6|font_style_bold:1″ subtitle_font_options=”tag:p|color:%23000000″ delimiter_line_color=”#ffffff”]”Saraminda: a terra e o ouro” por Carlos Heitor Cony•[/apress_heading][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column]

 

Saraminda: A Terra e o Ouro

O ouro era demais. Dava para todos. Deus misturava terra e ouro. E Saraminda era feita de terra e ouro. A melhor apresentação para o romance de José Sarney é o próprio livro. Uma história penetrada de magia e realidade, o ambiente feroz do Contestado, brasileiros e franceses e se amando na pátria sem bandeira do ouro fácil e maldito. A terra que tem ouro só se abre com a cor vermelha. Foi preciso degolar três homens em dois dias, para saciar a fome da terra e aparecer o ouro. Fugindo da linearidade do romance tradicional, Sarney conta a história de Saraminda, oito vezes virgem, oito vezes puta. Comprada a peso de ouro, traz nos olhos verdes e nos seios dourados o prazer e a desgraça. É de todos e de ninguém, até que se apaixona, “coisa de passarinho e cobra”. Um contraponto de Iracema? Uma Capitu que provoca a dúvida e é justiçada pelo dono de sua carne? Um pouco de uma e de outra, num cenário inédito na ficção brasileira. O ritmo da linguagem acompanha a ação, não à maneira de Alencar e de Machado. É um ritmo próprio, produzido pela violência da paisagem e das paixões, pela própria Saraminda, feita de terra e de ouro. Terra e ouro que, afinal, se transformam em sangue, num dos romances mais bem estruturados e narrados da ficção contemporânea.

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