Saraminda No momento, estou trabalhando no segundo romance de Sarney, Saraminda, que é bem diferente do primeiro e trata da corrida do ouro na região fronteiriça entre o Brasil e a Guiana Francesa, uma área que já foi disputada pelos dois países. Se O Dono do Mar me fazia trabalhar em busca dos equivalentes para termos de pesca e marítimos, agora fico alerta para aqueles referentes à prospecção e ao garimpo de ouro. Saraminda é o nome de uma garota créole da Guiana Francesa, trazida para os garimpos de Continue a ler
Incisiva e emocionante A Duquesa Vale uma Missa parece-me uma espécie de interlúdio na obra de José Sarney. Seu conhecimento do Nordeste e suas evocações cheias de lirismo dão lugar a uma intriga ora incisiva, ora emocionante, expressão simbólica de problemas contemporâneos. Mas, ao mesmo tempo, um motivo constante de sua obra se afirma aqui, que consiste, parece-me, na irrupção do passado no coração do presente. Essa leitura cativou-me.
Saraminda: A Terra e o Ouro O ouro era demais. Dava para todos. Deus misturava terra e ouro. E Saraminda era feita de terra e ouro. A melhor apresentação para o romance de José Sarney é o próprio livro. Uma história penetrada de magia e realidade, o ambiente feroz do Contestado, brasileiros e franceses e se amando na pátria sem bandeira do ouro fácil e maldito. A terra que tem ouro só se abre com a cor vermelha. Foi preciso degolar três homens em dois dias, para saciar a Continue a ler
As teias da história e da arte A Duquesa Vale uma Missa, de José Sarney, amplia sua dimensão romanesca, a partir do destino de um personagem problemático, complicado. Mais ainda com a morte e enterro do pai. Por meio de uma conjugação habilíssima entre história, erudição e conhecimento pictórico, veem à baila o rei Henrique IV e sua amante Gabrielle, entre injunções religiosas e políticas. De marcante originalidade. E o personagem que também faz parte do enredo é um Quadro, deixado no espólio de seu finado pai — o Continue a ler
Um exercício de provocação erótica Devorei A Duquesa Vale uma Missa num fim de semana. Gostei muito. Adoro os enigmas simbólicos ou históricos dos quadros dos séculos XVI e XVII. Depois, as dificuldades dos enigmas acabam e os quadros famosos ganham complexidades da linguagem das artes plásticas e perdem os segredos das mensagens verbais encriptadas. Gostei muito de como Sarney colocou a alucinação com o quadro que é realmente misterioso e altamente erótico, no seio de uma família brasileira pouco sofisticada, porque arte fala a todos, não é? Achei Continue a ler
Prosa renovada e instigante Com a publicação dos romances O Dono do Mar e Saraminda, José Sarney se aliou aos grandes ficcionistas de nossa contemporaneidade, por apresentar uma prosa renovada e instigante. Agora, com o romance “A Duquesa Vale uma Missa”, mostra-se capaz do raro fôlego da superação. É como se, obra a obra, impusesse a si mesmo o desafio do novo. A leitura de sua mais recente narrativa constitui o motivo central desta edição. No século XIX, o romance, enquanto gênero, palmilhou dois caminhos nítidos: a denúncia social Continue a ler
Mitologia Popular Quase não conheço a costa norte do Brasil e menos ainda a vida de seus pescadores. Porém, vivi o suficiente no interior para familiarizar-me com a linguagem, o espírito, os costumes, as crenças do povo e reencontrei com emoção, em sua obra, muitos elementos de um patrimônio comum. Como etnólogo, fiquei sensibilizado pela atenção que José Sarney dedica à pesca, a seu vocabulário, a suas técnicas locais. Mas o que me tocou acima de tudo é a arte com a qual Sarney demonstra como um gênero de Continue a ler
Uma história de água, de mar e de céu Fiquei verdadeiramente impressionado com a qualidade literária do romance O Dono do Mar. É uma verdadeira obra-prima. Já falei disso com o meu amigo Alçada Baptista, aqui presente, que, com a autoridade de ser um grande escritor, disse-me que ficou extremamente impressionado. A verdade é que esta leitura se torna compulsiva. Começa-se a ler o livro e só se acaba quando o livro termina, pois é realmente apaixonante. É um livro de que não há muitos exemplos na literatura portuguesa, pois, como Continue a ler
Um Humanista que se Fez Abelha Noites de autógrafos deixaram de ser fatos esporádicos na vida do Maranhão. O que testemunha a fecundidade dos homens de letras desta terra. Hoje a noite e o livro são do intelectual José Sarney, José Sarney cuja presença foi uma constante nas noites de autógrafos realizadas nesta Galeria, presença que sempre se fez transbordar em palavras de apoio, de estímulo, de solidariedade. Agora aqui estamos com o intuito de retribuir solidariedade com solidariedade. Para mim é fácil também transbordar de palavras a minha Continue a ler
Um texto rico, poético e bem-humorado Em 1970 — já um político de peso nacional — Sarney lança aquele que será o divisor de águas em sua literatura: o livro de contos Norte das Águas, um quadro vivo da realidade humana de seu estado. Saudado por grandes nomes da literatura nacional como Josué Montello e Jorge Amado, Norte das Águas surpreende por sua visão humanista traduzida em um texto rico, poético e bem-humorado, sempre capitaneado por belas e fortes personagens. Norte das Águas foi traduzido para o romeno — Continue a ler
Sobre A Duquesa vale uma Missa O Protagonista é o Amor Nesse romance, José Sarney se põe ao largo das águas do norte, do domínio dos mares do seu Maranhão, das intrigas e sagas de formação do outro território da sua habitação física e afetiva, o Amapá e sua vizinha Guiana, para firmar-se como um investigador do drama humano mais universal. Nos outros livros, estavam lá o amor, a paixão — em Saraminda, quanto! —, mas talvez (é uma hipótese; se não servir, jogue-se fora) o ambiente, o Continue a ler
Sarney une sonho e realidade O destaque da literatura brasileira, neste começo de 1997, é o êxito, na Europa, do romance de José Sarney, O Dono do Mar. Tão grande foi o sucesso do livro em Paris e em Bruxelas, onde o autor foi lançá-lo, que a editora Hachette decidiu-se por planos imediatos de reedição. Nos meios acadêmicos e literários Sarney recebeu homenagens que não deixaram qualquer dúvida sobre a qualidade e a importância da obra, confirmando internacionalmente a calorosa receptividade que ele já obtivera no Brasil, por isso Continue a ler
Um tempo em que o tempo acontece É irresistível dizer que em José Sarney acontece uma instigante batalha interior. Vida intelectual, assim dita, e ação pública. Não sei para onde pende mais, todavia imagino o que lhe passa nas mais sozinhas reflexões. Bergson observou que o intelectual na política realiza-se em homem completo, ao desdobrar-se na aliança do pensamento e ação. Isto vem acontecendo a José Sarney, que sabe ser o sonho o olho da vida. As ideias da vertente pública e as querências literárias respondem, em muito, pelo Continue a ler