O homo sapiens tem o DNA da violência. A teoria da evolução pode substituir, com sua história, a expressão “sobrevivência do mais forte”, por “sobrevivência do mais violento”. Assim sua luta pela sobrevivência nada mais foi do que uma luta de destruição dentro da própria espécie.
Esse processo está muito ligado à religião, na disputa pela hegemonia do seu Deus. O mundo evoluiu e julgávamos que esta fase pertencia ao passado. A atual guerra de Israel em Gaza mostra que o homem continua o mesmo. A incursão de um inimigo sobre o outro volta a mostrar os métodos mais cruéis e as motivações religiosas ainda presentes, embora com outro componente atual e forte, que ainda move a economia mundial: o petróleo. Essa mistura profunda que envolve passado, presente, visões do futuro levam a um caldo de cultura que nos faz presenciar uma gama de atrocidades, justificadas por essa barbaridade dos terroristas palestinos de levar um ataque a Israel, cujas reações e consequências eram certas e previstas.
Os atos terroristas cometidos pelo Hamas, hediondos e sem nenhuma justificativa militar, e todas as justificativas de vinganças, jamais podem ser admitidas. Israel tem todo o direito de se defender, mas não deve ser seduzido pela estúpida máxima do Velho Testamento de “olho por olho e dente por dente”, resistindo à barbárie do Hamas de dizimar populações civis, já sabendo que esse seria o instrumento único, já muitas vezes utilizado por Israel. A novidade para avançar no terreno da violência é o fato de que nesta guerra não se está respeitando nem as leis da guerra – pois as guerras têm leis – e estão praticando, os dois lados, aquilo que na linguagem popular se resume como o “vale tudo”.
Isso destrói os conceitos morais, as condutas ditadas pelos direitos humanos resumidos por Jefferson na Declaração de Independência americana, de 1776, que consagra sermos todos detentores destes direitos: “que os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de Direitos inalienáveis, entre os quais à Vida, à Liberdade e à busca da Felicidade.”
Acredito que noventa e nove por cento da Humanidade assiste revoltada às violações brutais que estão sendo cometidas no Oriente Médio. Não basta atender ao pedido do Papa Francisco: “Irmãos, parem! Parem!” Não basta a paz que todos desejamos, mas que o homem respeite as leis de Deus, os direitos humanos e pare de nos submeter diariamente à violência das imagens, pelos meios de comunicação, da crueldade que se pratica nesta guerra suicida e cruel. Que Deus tenha misericórdia da Humanidade e nos devolva os princípios morais e de convivência pacífica.
Ilustração: recorte capa da revista The Economist ( veja abaixo a capa na íntegra)