Quem possui muitos livros e tem o hábito de, à noite, visitá-los, percorrendo as estantes para encontrar determinado título, aprende que os livros são danados para “andar”. É que quem gosta de livro e vai durante a noite atrás de um específico na estante, ao se deparar com outro que atrai sua atenção, coloca este fora da prateleira para no dia seguinte buscá-lo. E começa a fazer isso com tantos que esquece o lugar onde cada um estava. Assim ao encontrar determinado livro fora do seu lugar fica com a Continue a ler
No Brasil nunca os políticos discutiram com a profundidade devida o problema demográfico, nem apareceu nenhum que o quisesse enfrentar e levantar como uma das preocupações nacionais. Agora, com as revelações do IBGE e as projeções que fez sobre um Brasil de 2070, com uma população envelhecida e o início do declínio do número de seus habitantes, e as primeiras avaliações na imprensa das consequências dessa nova realidade, destacam-se as repercussões na Previdência Social. Assim, hoje temos quatro contribuintes para cada aposentado; em 2070 teremos uma igualdade trágica de um Continue a ler
As águas perseguem os homens desde Noé. São comuns a todos os povos os relatos de dilúvio. Há descrição na mitologia e nas religiões. A Bíblia diz que o mundo era somente água e que Deus, depois que fez a Terra e o homem conheceu o pecado, resolveu voltar o mundo todo ao aspecto primitivo aquoso, fazendo o dilúvio, mas salvando os bons homens e os animais. Foi assim que a Arca ficou presa no Monte Ararat. A Epopeia de Gilgamés, com o mitológico deus-herói, descreve um dilúvio sobre toda a Terra (séc. 7 a/C). Era Continue a ler
A Amazônia nasceu sob o signo da controvérsia: era espanhola ou portuguesa? A dificuldade de se localizar a linha do Tratado de Tordesilhas se esgarçou com a união das duas coroas sob Filipe I. No século XVIII o Marquês de Pombal herdou a solução do Tratado de Madrid, a tese do uti possidetis. Ao designar para governar o Estado de Maranhão e Grão-Pará o seu meio-irmão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, o instruiu, em cartas secretas, que seu objetivo maior era assegurar que aquelas terras fossem portuguesas e que sua missão principal Continue a ler
Um dos maiores artistas plásticos do mundo é brasileiro: Sebastião Salgado. Sua dimensão ultrapassa a da própria e excepcional produção artística para atingir um universo de paradigma ético de alcance universal e intemporal. Grandes, extraordinários artistas plásticos povoam o espaço sensorial da verdadeira poiesis, o ato que permite ao homem criar um ser original, no instante em que nossa liberdade mais se aproxima do Criador. Há uns poucos, no entanto, que levam a expressão além da apreciação estética para nos imergir na dimensão dos questionamentos da verdade e do papel Continue a ler
Entre perplexo, revoltado, preso de um medo que cada vez se prolonga mais, o Brasil assiste entre preces e lágrimas ao anúncio dos recordes mundiais que alcançamos em mortes provocadas pela Covid. O que podemos fazer? Acho que ninguém deixa de estar disposto a ajudar. O problema tornou-se uma tragédia global pelas circunstâncias que cercaram a pandemia. Primeiro o caráter de surpresa com que a quase totalidade do mundo foi tomada — apenas alguns milhares de cientistas e estudiosos sabiam que ela viria a qualquer momento. Aliás o inesperado caracteriza Continue a ler
Senado Federal, Brasília, DF, 20 de agosto de 1975 “O Momento Crítico da Humanidade” O momento dramático em que vive o homem contemporâneo impõe uma tomada de posição a todos os que, em qualquer parte do mundo, detêm alguma parcela de responsabilidade pelo destino da coletividade. A hora crítica que atravessamos é oportuna para uma participação efetiva nas cogitações sobre o futuro da humanidade. Sem o pessimismo das cassandras, que preconizam a iminência do Apocalipse irrecorrível; sem os erros de avaliação de futurólogos, que se prendem no tecnicismo das previsões Continue a ler
Nações Unidas, Nova Iorque, EUA, 25 de setembro de 1989 Abertura da 44a Assembleia Geral da ONU Senhor Presidente, Senhores Delegados, Apresento a Vossa Excelência meus cumprimentos pela sua eleição. Temos certeza de que sua experiência assegura a nossos trabalhos um caminho firme e construtivo. Estendo minhas congratulações a seu ilustre antecessor. Registro, mais uma vez, o reconhecimento do Brasil ao Secretário-Geral Perez de Cuéllar. Quero, ao iniciar este discurso, prestar a minha homenagem e reverência ao povo da Colômbia e ao Presidente Virgílio Barco, pelo exemplo de coragem cívica Continue a ler
Senado Federal, Brasília, 19 de junho de 1972 Senhor Presidente, Srs. Senadores, realizou-se e foi encerrada, ontem, em Estocolmo, a conferência que as Nações Unidas convocaram para debater os problemas do meio ambiente. É a primeira tomada de posição da humanidade, através dos estados, sobre um problema que se tornou evidente com o avanço da era industrial. Os resultados parecem que foram muito pálidos. A sua preparação difícil e as controvérsias não ajustadas na agenda preliminar continuaram até o fim dos trabalhos, enfraquecidos pela não participação do leste europeu. Talvez Continue a ler
Nos meus primeiros meses como Presidente da República, tive que aprender a rotina das solenidades militares, sempre muito bem organizadas, com fórmulas estabelecidas há décadas e impecável respeito a horário e cerimonial. Justamente neste aprendizado, cometi uma das maiores gafes ao ser recebido no Corpo de Fuzileiros Navais de Brasília, no Dia da Marinha. Diante da tropa formada estava o Ministro da Marinha, Almirante Henrique Saboia, um dos melhores homens públicos que conheci, grande profissional, mas sobretudo personalidade de honradez, cultura e sensatez. Devo-lhe grande ajuda de conselhos, recomendações e Continue a ler