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A Revolução dos Artesãos

As desgraças são desgraçadas, não as desejemos nem deixemos de tentar evitar que se repitam. Na Covid-19, por exemplo, houve grande avanço na tecnologia das vacinas. É claro que o custo das vidas que se perderam ou das sequelas que ficaram foi altíssimo em valores humanos. Quando as condições de trabalho dos cientistas no Brasil tinham levado ao exílio um grande número deles, insisti no esforço para promover o retorno dos cérebros ao País. E, quando fui Presidente da República, aumentei várias vezes o investimento em ciência, tecnologia, inovação, dei Continue a ler

Eu e o Zé Gotinha

Disseram-me que o grande médico brasileiro Dr. Dráuzio Varella declarou que quem inventou o SUS era um gênio. E um constituinte de 88 declarou com estardalhaço que a maior obra da Assembleia Constituinte foi a universalização da saúde. Estou acostumado a me roubarem meus projetos e realizações. Por 20 anos apresentei vários projetos sobre incentivos à cultura. Só passou o último, e porque eu era Presidente da República, e assim pude sancioná-lo. Os artistas colocaram o nome de Lei Sarney. Ninguém tinha abordado o problema da cultura como eu o Continue a ler

O recorde trágico

 O Brasil atingiu, esta semana, um número de mortos pela pandemia de Covid-19 que não pode ser ignorado: passaram de 400 mil as vítimas. Os exemplos da imprensa para exprimir a dimensão da tragédia têm, e não poderia deixar de ser assim, um ar macabro. Sejam as comparações com as áreas das grandes capitais do País que seriam ocupadas por um cemitério, sejam as com o tamanho e número de cidades, sejam as com outros grandes morticínios, saímos delas com a certeza de que somos testemunhas de um marco histórico Continue a ler

A Bibita pegou Covid

O Coronavírus não é o primeiro vírus da era digital. Mas é o que está utilizando todos os instrumentos para proporcionar à sociedade um volume extraordinário de informações, fazendo a população conhecer detalhes da doença — a Covid-19 —, do vírus — o SARS-CoV-2 — e de sua estrutura, os métodos que estão sendo usados pelos laboratórios em suas pesquisas e a opinião de cientistas. São conhecidos os nomes das vacinas, os percentuais de imunização das primeiras doses, os efeitos que podem provocar ao serem tomadas. Mas é tanto conhecimento Continue a ler

A ciência da mão de Deus

Os franceses gostam de dizer que tempos como estes que estamos vivendo são de “excesso de crises”. É um somatório de crises. Esta palavra grega, krisis, descreve um problema que se torna paroxístico, um momento de evolução decisivo, que o Aurélio define como “período de desordem acompanhado de busca penosa de uma solução, situação aflitiva”. É o nosso caso, com a singular diferença de que estas crises com que estamos convivendo todo dia, que fazem parte do nosso cotidiano, não são comuns, mas duas grandes crises; e, embora seja a Continue a ler

A Pandemia

A grande epidemia, logo tornando-se pandemia, da civilização digital que está em curso é a primeira, e queira Deus que seja última, totalmente documentada, inclusive no seu processo de desenvolvimento, podendo os cientistas acompanhar as variantes que se multiplicam em todos os países, já existindo quatro mil, sendo que as mais preocupantes são a inglesa, a sul-africana e a brasileira, por serem mais contagiosas, podendo aumentar a possibilidade de reinfecção. Cada vez mais constatamos que as doenças contagiosas constituem o grande perigo, bastando constatar que só a malária mata 400 Continue a ler

As Flores do Coração

Na adolescência encontrei um livro que muito marcou a minha vida e me fez entrar numa fase de dúvidas — muitas dúvidas — filosóficas e religiosas. Sobrevivi a todas e mantive definitivamente os meus ideais cristãos. Esse livro ocupou meu pensamento e permanece até hoje como uma fonte de indagações não respondidas, provocação permanente a incitar o meu raciocínio. Já o título do livro era uma formulação desafiadora: O Sentimento Trágico da Vida. Mais tarde a Igreja o colocou no Index librorum prohibitorum. Seu autor é o grande filósofo espanhol Continue a ler

Solidão na solidão

Uma das indagações mais nebulosas que estão sendo feitas sobre as consequências posteriores da pandemia são os problemas mentais. Do corpo já se sabe quase tudo ou quase nada, mas quanto à cabeça só há especulação sem nenhuma comprovação. É certo que não se pode separar o corpo do espírito, nem este dele, a não ser numa meditação filosófica, como concebeu Descartes, que a alma e o corpo são duas substâncias separadas. Na visão fisiológica ele, corpo, é que determina o estado mental. Uma constatação pessoal é da diferente vivência Continue a ler

Cessar fogo na Guerra da Vacina

A vacina já fez parte de muitas guerras. Ninguém sabe qual foi a primeira, mas, na América, a ocorrência pioneira foi registrada em 1492, segundo Charles C. Mann em seu livro 1493. Nesta região até então não existia hepatite, varíola ou gripe. Quando estas doenças desembarcaram no bojo das caravelas, o cálculo feito pelos historiadores é que elas dizimaram dois terços da população indígena. Esse terrível genocídio acabou provocando resistência de seu organismo a alguns vírus e bactérias. Na China, sempre pioneira, a inoculação do vírus da varíola, hoje chamada Continue a ler

Raiar de dias melhores

Depois de longo período de pessimismo, todos nós, uns mais, outros menos, vivendo entre o medo e a solidão, entre o mistério e a angústia, sem saber o que aconteceria não somente com nossas pessoas e famílias, mas também com o mundo, surge, embora de maneira tênue, um primeiro raio de esperança, com a possibilidade de entrarmos num período que todos esperávamos há tanto tempo: o início do processo de se imunizar a população e afastar o temor de se ser vítima de uma doença que surgiu como um mistério, que Continue a ler

Outra guerra da vacina

Faz parte da História do Brasil a famosa guerra da vacina, do princípio do século XX, em que os cadetes das escolas militares se levantaram contra a vacina que Osvaldo Cruz começava a aplicar e contra o plano para saneamento do Rio de Janeiro. A capital tinha uma situação sanitária precária e péssima reputação. Para completar tivemos a grande figura de Rui Barbosa aderindo à causa contra a vacina de maneira virulenta, colocando sua eloquência para condenar a vacinação obrigatória. Hoje, quando a gente lê os discursos que fez fica Continue a ler

Todo poder à vacina

A vacina é o único socorro de esperança contra a ameaça da Covid. Já falei mais de uma vez do cálculo de Malthus sobre a expansão da Humanidade e da narrativa que Jared Diamond faz da ascensão e queda das civilizações: nos cenários, guerras e germes. A história das pragas é uma desgraça: desde as sete pragas do Egito, que são dez, o que se vê são as populações dizimadas. Dizimadas não: o decimatio castigava um em cada dez soldados, mas as pestes sempre foram mais radicais. A praga de Continue a ler

A aprendizagem do Congresso

Passei 51 anos no Congresso, exercendo mandatos, cinco de senador e três de deputado federal, dois deles eleito como o mais votado da oposição do Estado e um como suplente que assumiu o exercício do cargo várias vezes. Como político militante chego dos 14 anos até hoje, quando comecei como militante da juventude brigadeirista, portanto 76 anos. Assim, toda a minha vida foi dedicada à política, o que me faz o mais longevo político da história da República. E na política foi o Parlamento a minha Casa de formação, onde Continue a ler

O SUDS e o SUS

Está sendo lançado Saúde no Brasil — Provocações e Reflexões, livro da maior importância para o País. Embora reunindo textos escritos ao longo de vários anos, e José Aristodemo Pinotti, seu autor, tenha falecido há dez anos, a reação do Brasil à pandemia enfatiza a necessidade de que todos os responsáveis pela Saúde o leiam e reflitam sobre sua mensagem. Um aspecto essencial é sermos um país com sistema de atendimento universal à saúde — o único com mais de cem milhões de habitantes. Sem ele nem podemos imaginar a Continue a ler

O corona e a muriçoca

Quando Mário Meireles, o grande historiador maranhense, que deixou uma lacuna impreenchível, morreu, uma filha sua comentou: “Meu pai, que resistiu a tantas doenças e tantos obstáculos, foi morto por um mosquito.” Ele tinha falecido de dengue. Agora, as grandes potências, que desenvolveram arsenais de armas de destruição, treinaram milhões de homens para destruir e conquistar, criaram indústrias dedicadas a fazer armas cada vez mais mortíferas, usaram por tantos anos tantos cientistas para desintegrar o átomo e construir armas que ameaçam a destruição da Humanidade, de repente se deparam com Continue a ler

Quarentena, solidão e medo

Nunca pensei em minha vida que passaria meses em prisão domiciliar, sem culpa nenhuma, mas por absoluta necessidade de autodefesa. Só que esta circunstância também é inédita no mundo, pois jamais a Humanidade esteve sob a ameaça de um vírus de ação tão “eficiente”. Ele veio montado na globalização dos meios de transporte, capazes de cobrir o mundo em vinte e quatro horas. A quarentena, na acepção de reclusão e isolamento para evitar contágio, é atualmente a única maneira que temos para evitar a Covid-19. O esforço mundial para descobrir Continue a ler

O perigo é maior

A humanidade foi surpreendida por uma ameaça que, embora profetizada por esporádicas vozes, nunca foi levada a sério. Ao longo de nossa história atravessamos muitas doenças que dizimaram populações inteiras, mas todas elas foram superadas. A última grande e fundada ameaça foi a descoberta da fissão atômica. Ele deu ao homem o domínio de liberar forças gigantescas, capazes de destruir imensas regiões da Terra. A primeira noção que tivemos da brutalidade desse poder veio quando, estarrecido, o mundo viu as tragédias de Hiroshima e Nagasaki. E não existe nenhuma garantia Continue a ler

Uma escolha sem Sofia

Estamos diante de uma ameaça sempre temida ao futuro da humanidade: as doenças desconhecidas. Ao longo da história dos seres vivos que habitaram o nosso planeta, milhões de espécies já desapareceram. Para citar o episódio mais fascinante, citemos os dinossauros, que em teoria foi provocada por um meteoro gigante que caiu no Golfo do México, transformando a atmosfera, devastando todo o planeta e levando de roldão quase toda a vida, extinguindo muitas espécies, inclusive as mais bem-sucedidas entre elas, as dos gigantes sauros. Mas nada nos diz que não tenha Continue a ler

Política x Ciência

Há agora uma novidade na discussão política brasileira. Sumiu a controvérsia e discussão sobre os ismos (comunismo, fascismo, populismo etc.) para, diante da catástrofe do Coronavírus, surgir o grupo dos adeptos dos cientifistas e dos guedistas, ou seja, dos que querem seguir o que determina a OMS (Organização Mundial de Saúde) com o isolamento e daqueles que querem ver o libera geral: todos comprando porque a economia está acima da ciência, isto é, da vida. O que se discute não é racional. O que está ameaçado não é a economia, Continue a ler