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O Dono do Mar

Josué Montello: sobre “O Dono do Mar”

Um romancista que desponta Eu assisti, em 1952, em São Luís, à estreia de José Sarney, com a publicação de A Canção Inicial. Por esse tempo, era ele um jovem poeta. Cedia ao impulso da idade e da geração a que pertencia, antes que nele despontasse o político, obrigando-o a seguir por outro caminho. Os contos de Norte das Águas, publicados 18 anos depois, sem de todo romperem com a poesia, como forma de expressão genuína, deslocavam o poeta lírico para o plano da realidade regional, numa prosa que, não Continue a ler

Adolfo Castañon: sobre “O Dono do Mar”

  O Dono do Mar: uma obra com alma O Dono do Mar foi saudado por personalidades tão diversas como Claude Lévi-Strauss, Maurice Druon e Jorge Amado com inteligência e entusiasmo. Dele diz o autor de Gabriela, cravo e canela e Capitães da areia: “O Dono do Mar propõe ao leitor uma visão inesquecível do mar do Maranhão, em sua realidade e em seus mistérios […]. Ao passar do conto ao romance, José Sarney soube manter a alta qualidade de sua escrita, mas agregando uma maturidade de conceito e de Continue a ler

Rachel de Queiroz: sobre “O Dono do Mar”

  O mar e os donos do mar Quando o homem era Presidente da República, ouvi muito maldizente comentar: “Ora, pra um Presidente é fácil eleger-se acadêmico…” Mas verdade é que José Sarney entrou para a Academia muito antes de sonhar em ser Presidente (ou talvez já sonhasse, que ele é homem de sonhos altos), mas o que lhe abriu as portas da Academia Brasileira foi o seu belíssimo livro de contos Norte das Águas, publicado há mais de uma década. Todos nós já o sabíamos escritor, e muito bom, Continue a ler

Darcy Ribeiro: sobre “O Dono do Mar”

  Uma leitura gozosa Li O Dono do Mar e gostei. Muito. Não imaginava José Sarney um romancista poderoso. E é. Entra no livro nadando de braçadas, dono das águas, dos ares e dos mares do Maranhão. Dá voz e alma aos pescadores das ilhas e das praias de São Luís com sabedoria e volúpia exemplares. Sarney é o intérprete de uma das matrizes básicas da cultura brasileira, a dos pescadores. Equivalente ao que Zé Lins é para o povo dos engenhos e Jorge Amado, para o gentio dos cacauais. Continue a ler

Antônio Olinto: sobre “O Dono do Mar”

  Personagens vivos e fortes Pouco sabemos dos mistérios da criação literária. Como de qualquer outra criação. Explicações técnicas, temo-as aos montes. Análises sintáticas, melódicas, biológicas, sociais, ou puramente vocabulares, ou sociológicas, psicanalíticas, ou simplesmente ligadas ao adjetivo do momento. Algumas em separado e todas em conjunto, aclaram meandros, facilitam visões particulares, embora possam deixar um lado lunar inatingível. Esses estudos de decomposição revelam às vezes desconhecimento do fenômeno da composição. A autópsia mostra, mas não surpreende a vida em ação. Fica faltando, ao analista puro, uma intimidade maior com Continue a ler

Gerard de Cortanze: sobre “O Dono do Mar”

  Homenagem às gentes do mar O mar do Maranhão, no Norte do Brasil, é um cenário cheio de mistérios. Ao longo de um litoral muito recortado, muitas águas embaralham suas correntes. Ao longo de suas baías ricas de uma fauna e uma flora luxuriantes, bancos de areia, canais, manguezais, atóis, barreiras de coral, baixios constituem um universo geográfico onde nascem e se propagam as lendas mais singulares. Há muitas gerações os pescadores desta zona setentrional do Brasil, nas margens de suas bianas e de seus igarités, reencontram um oceano Continue a ler

Lincoln Paine: sobre “O Dono do Mar”

  Literatura do Mar e História Marítima Na obra de José Sarney, O Dono do Mar, o pescador Antão Cristório tem como companheiro Aquimundo, encarnação de um piloto chamado Aires Fernandes que morreu afogado, e “em quem o tempo não passou”. Aquimundo conta ao perplexo Cristório, no seu primeiro encontro: Andei por muitas terras, de Sofala, Querimba, Ibo, Pemba, Mombaça, Melinde, Pate, Ormuz, Diu, Goa, Coxim, Malaca, Ceilão, Meliapor, Macau, Timor, e cheguei a Nagasáqui com Francisco Xavier, o padre que hoje é santo, mas que embarcou comigo na nau Continue a ler