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A Literatura

A Academia Brasileira de Letras faz 125 anos

Quero agradecer ao Presidente Merval Pereira — que com tanta eficiência vemos dirigir esta Casa — o convite que me fez para ser o orador desta sessão tão significativa para todos nós e para o Brasil, porque mostra a perenidade desta Instituição que há 125 anos é a guardiã da língua e dos nossos valores espirituais, construída pelo gigantesco patrimônio cultural das obras dos que por aqui passaram e dos que aqui estão. Quando tomei posse nesta Casa em 1980, sucedendo ao grande escritor e político José Américo de Almeida, Continue a ler

Visita ao Colégio do México

Colégio do México, Cidade do México, México, 18 de agosto de 1987   Templo maior da inteligência latino-americana, com quase meio século de existência, este colégio continua sendo único e exemplar como centro de pesquisa e como Assembleia de grandes professores em humanidades e ciências sociais. Fundado sob a dupla égide da história e do humanismo, graças ao fecundo trabalho de Cossío Villegas e Alfonso Reyes, soube sobreviver a todas as transformações por que passou a estrutura universitária em nosso continente.  Seu estado e vocação — a primazia da pesquisa conduzida Continue a ler

Ao receber Título de Doutor Honoris Causa

Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal, 7 de maio de 1986 Chego a esta Universidade carregado de lembranças permanentes, não daquelas que a vida vivida acumula em nossa memória, sedimentadas pela experiência, e, sim, das que nos vêm dos livros, das conversas, das crônicas de jornal, com transunto das vivências alheias.  Parece-me que já andei por estes corredores, por estes pátios, por estas salas de aula, por estes salões capitulares, com a tradicional capa e meus compêndios, e recitei, também, os meus poemas. Não precisei ler o velho Teófilo Braga para Continue a ler

Posse na Academia de Ciências de Lisboa

Academia das Ciências de Lisboa, Lisboa, Portugal, 5 de maio de 1986 Confesso a minha vaidade em pertencer à Academia das Ciências de Lisboa, irmã mais velha de minha Academia Brasileira de Letras.  Agradeço sensibilizado as palavras de saudação com que me distinguiu Vossa Excelência, Senhor Professor Jacinto Nunes, nosso presidente, cujo renome internacional como economista e cujas qualidades de homem devotado a esta Academia e aos ideais emprestam um brilho especial a esta cerimônia para mim inesquecível. Minha gratidão pelas palavras carregadas de magnânima benevolência do acadêmico José Hermano Saraiva, Continue a ler

Discurso de Posse na Academia Brasileira de Letras

Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, RJ, 6 de novembro de 1980 Elogio de José Américo de Almeida “Profeta das ruas, mago do sertão” Casa de Machado de Assis, símbolo dos nossos valores espirituais. À sombra dos meus deuses o sortilégio dos meus caminhos me fez chegar. Nada mais alto, aqui é o infinito. O deus primeiro, o Deus da minha fé, da minha submissão à sua voz semeadora dos destinos, que me guardou nas dúvidas, encheu de certezas os meus clarões de perplexidades, estendeu-me a mão firme de Continue a ler

A Língua Portuguesa e o Mundo

Camões Center for Portuguese Studies, Columbia University, Nova York, Estados Unidos da América, 20 de maio de 1991 Agradeço muito ao Professor Kenneth Maxwell a oportunidade e o convite para estarmos juntos no Camões Center. Esta instituição conquistou a posição de um centro de referência na comunidade de língua portuguesa para todos aqueles que vivem uma permanente reflexão sobre a nossa história, arte e literatura. A Columbia University tem dado uma contribuição extraordinária para nossa cultura. Ela nos fala de Gilberto Freire, aqui estudante, tendo como orientador o grande antropólogo Continue a ler

Uma só e muitas línguas

Academia Francesa, Paris, França, 23 de junho de 2005 Quando a Academia Francesa foi fundada, em 1635, num mundo conhecido, o Brasil era uma indefinida colônia portuguesa, numa América fantástica e de sonhos. Era o tempo da formação do Estado francês, que remonta a Filipe o Belo, conheceu grande impulso sob Henrique IV e foi terminada pelo Cardeal Richelieu. O Brasil era um desenho, linhas imprecisas de um país, cuja única definição estava na cabeça dos reis e navegantes lusitanos. Era tudo mistério e lendas, inventadas e divulgadas na ingênua Continue a ler