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Marcos Vinicios Vilaça: sobre “A Duquesa Vale uma Missa”

Marcos Vinicios Vilaça: sobre “A Duquesa Vale uma Missa”

Marcos Vinicios Vilaça•

Da Academia Brasileira de Letras. Em 15 de abril de 2010.

 

Leitura leve e instigante

Em seu novo romance, A Duquesa Vale uma Missa, José Sarney mostra a variedade de seu espaço ficcional. Depois de O Dono do Mar, sobre o universo poético dos pescadores da ilha de São Luís do Maranhão, e Saraminda, sobre os mistérios da epopeia do ouro na região do Contestado entre o Brasil e a França — atuais Amapá e Guiana Francesa —, Sarney investe num romance urbano, passado entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Seus personagens se apresentam ainda, como nos romances anteriores, com um certo ar de realismo mágico, que é enganoso, como se verá na conclusão do romance.

Tratado como um conto longo — cumpre lembrar que o autor escreveu um livro de contos excepcional, Norte das Águas — o romance conta numa linguagem muito despojada a curiosa relação entre o narrador, Leonardo, e um quadro em que a duquesa de Villars aparece segurando o seio de sua irmã, Gabrielle d’Estrées, amante de Henrique IV. Sarney abre assim um espaço para tratar da petite histoire francesa no fim do século XVI. Como sempre, há um componente de erotismo em sua obra. Dentro da riqueza de temas, a narrativa mantém a coesão e um suspense que se resolve no desfecho.

A Duquesa Vale uma Missa mostra que Sarney é um mestre do romance, que continua capaz de nos surpreender e deliciar com um livro de leitura a um tempo leve e instigante.

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