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pedroodylo

Hora de união

 Ler demais nos leva a encontrar em turnos otimismo ou pessimismo. Nesta crise do Coronavírus que enfrentamos agora, penso no que li sobre o futuro da Humanidade. Escrevi semana passada sobre isso. No livro So Human An Animal(Um Animal Tão Humano), René Dubos — microbiologista e humanista franco-americano que desenvolveu os primeiros antibióticos naturais e ganhou o famoso Prêmio Pulitzer de 1969 — faz uma reflexão sobre a nossa condição animal e, dentro da teoria da evolução, uma advertência de que sem dúvida haverá uma resposta biológica para o nosso Continue a ler

Quintino: a verdade da democracia

A manifestação da vontade da nação de hoje pode não ser a manifestação da vontade da nação de amanhã, e daí resulta que, ante a verdade da democracia, as constituições não devem ser velhos marcos da senda política das nacionalidades, assentadas como a consagração e o símbolo de princípios imutáveis. As necessidades e os interesses de cada época têm de lhes imprimir o cunho de sua individualidade. Quintino Bocaiúva, no Manifesto Republicano

Fernando Pessoa: António Vieira

António Vieira O céu estrela o azul e tem grandeza.Este, que teve a fama e a glória tem,Imperador da língua portuguesa,Foi-nos um céu também, No imenso espaço seu de meditar,Constelado de forma e de visão,Surge, prenúncio claro do luar,El-Rei D. Sebastião. Mas não, não é luar: é luz do etéreo.É um dia; e, no céu amplo de desejo,A madrugada irreal do Quinto ImpérioDoira as margens do Tejo.  Fernando Pessoa, em Mensagem

Nabuco: a causa do futuro

Há uma causa maior, a do futuro: a de apagar todos os efeitos de um regime que, há três séculos é uma escola de desmoralização e inércia, de servilismo e irresponsabilidade para a casta dos senhores, e que fez do Brasil o Paraguai da escravidão.  Quando mesmo a emancipação total fosse decretada amanhã, a liquidação desse regime daria lugar a uma série infinita de questões, que só poderiam ser resolvidas de acordo com os interesses vitais do país pelo mesmo espírito de justiça e humanidade que dá vida ao abolicionismo. Continue a ler

O poder moral da democracia

Raúl Alfonsín •Presidente da Argentina Tenho uma certa dificuldade para leitura. Não tenho muita intimidade com papéis. Mas, justamente devido a essas dificuldades, prefiro ater-me àquilo que eu mesmo escrevo. Falo daquelas dificuldades que mencionou o Embaixador Ricupero. Mas eu gostaria de começar dizendo que eu não poderia iniciar essa conferência ao celebrarmos os 20 anos de nascimento da Nova República, com o início da Presidência do meu querido amigo José Sarney. Não posso esquecer que isso ocorreu depois do trágico falecimento de um homem exemplar, Tancredo Neves, que serviu Continue a ler

Um marco histórico

Julio Maria Sanguinetti •Presidente do Uruguai Eu poderia falar em portunhol, porque a nossa fronteira tem a língua da integração, conforme disse em seu tempo o Presidente José Sarney; porém, por segurança, hoje eu falarei em espanhol. Vocês sabem que o Uruguai é um país com uma certa particularidade. A nossa história está envolvida com a história do Brasil, com a história de Portugal, com a história do Rio Grande, com a história da Argentina. E nós sempre vivemos entre esses dois grandes países, com uma relação de permanente fraternidade, vivendo Continue a ler

Buscar o que nos pode unir

Marco Maciel •Senador por Pernambuco, Vice-Presidente da República, da Academia Brasileira de Letras Buscar sempre, entre o que nos separa, aquilo que nos pode unir parece constituir o grande objetivo da Política, porque se queremos viver juntos na divergência, princípio vital da democracia, estamos fadados a nos entender. Impõe-se assim acreditar na força das idéias, compreender que a política não pode ser o meio da conservação, mas de transformação, e que a firmeza das convicções não deve ser empecilho para o entendimento capaz de transformar o poder em instrumento de Continue a ler

Um prodígio popular

Jorge Bornhausen •Senador por Santa Catarianl, Governador de Santa Catarina, Presidente do PFL Vinte anos é pouco para quem acha efêmero tudo o que não tem a idade das pirâmides. Mas, às vezes, a realidade cria situações incontornáveis e obriga, até a esses céticos, a celebrar décadas como se fossem milênios. Eu os relembro muito bem. Os homens de pouca fé de 1984, que nos viraram as costas quando, homens de boa vontade, apostamos na experiência e vocação política de Tancredo Neves e o adotamos como profeta e guia, líder Continue a ler

A inversão de um processo de terror cívico

Garibaldi Alves Filho •Senador pelo Rio Grande do Norte, Presidente do Congresso Nacional, Governador do Rio Grande do Norte Há vinte anos tomava posse, perante o Congresso Nacional, o primeiro Presidente da República civil depois de mais de vinte anos de ditadura militar. Encerrava-se um ciclo histórico, e, mais que isso, terminava um processo que amadureceu com a adesão consciente de todo o povo brasileiro. São fatos históricos recentes, arraigados ainda na crônica política contemporânea e na memória de todos os brasileiros. O dia 15 de março de 1985 marcou Continue a ler

Um dia singular

Antônio Carlos Magalhães •Senador pela Bahia, Presidente do Congresso Nacional, Governador da Bahia Hoje é um dia singular na democracia brasileira. Costumo repetir que todos os movimentos, desde trinta para cá, até mesmo antes da República e até mesmo da Independência, todos esses movimentos, civis ou militares, foram feitos com o apoio da opinião pública nacional. Sem o apoio da opinião pública nacional, jamais teriam acontecido! Sem o apoio da opinião pública nacional, Tancredo Neves não teria sido Presidente da República! Hoje, aqui, homenageamos dois grandes brasileiros de uma só Continue a ler

Convite à reflexão

Renan Calheiros •Senador por Alagoas, quatro vezes Presidente do Congresso Nacional Este não é só um momento de celebração, mas é também um convite à reflexão. No dia 15 de março de 1985, o Congresso Nacional se reuniu para encerrar uma etapa crucial na história política do País. Com a posse do primeiro presidente civil, depois de 1961, demos início ao longo e vital processo de restauração da democracia, ceifada por conflitos e crises de natureza político-militar que, lamentavelmente, entristeceram toda a América Latina. Não era a primeira vez que, Continue a ler

António Alçada Baptista

António Alçada Baptista •Escritor e editor português. Por ocasião do lançamento da edição portuguesa de "Norte das Águas", Edições Livros do Brasil, 1980.     Sobre Norte das Águas Recriação do Espaço e do Tempo Regionais Escrever sobre um livro de José Sarney impõe que se estabeleça uma separação clara entre aquele que foi deputado federal, governador do Maranhão, senador e presidente da Arena e que, atualmente, lidera o Partido Democrático e Social, e o escritor José Sarney, membro da Academia Brasileira de Letras. Porque a tentação existe para o Continue a ler

Ivan Junqueira

Ivan Junqueira •Poeta e jornalista. Foi da Academia Brasileira de Letras.   Sobre Saudades Mortas Os passos lentos da falecida Tia Zica no quarto assombrado por mil cavalos de vento. O caixão do avô de fraque, colete e botina, preparado para uma festa de cinzas aonde se chega e de onde não se volta. A amarga madrugada do recordar brilha e aparece entre tipos datilográficos e aranhas, e o teclado de santa alucinação produz linhas comoventes, cortantes, singelas. A flor da memória desabrocha nos censários remotos da infância no Maranhão, Continue a ler

José Chagas

José Chagas •Poeta e jornalista. Foi da Academia Maranhense de Letras. Prefácio à 2a edição de "A Canção Inicial", Edições AML, 2001.   Sobre A Canção Inicial Um intelectual em três dimensões José Sarney — o poeta — fez parte da geração de jovens que, em fins da década de 1940 e início da de cinquenta promoveu, por assim dizer, a ressurreição de nossa vida literária. Os poetas da geração anterior viram-se realizados, consagrados pelo público, mas já estavam certos de que uma etapa da literatura maranhense se fechava com Continue a ler

Éris Antônio Oliveira

Éris Antônio Oliveira •Doutor em Letras. Crítico literário e professor no Programa de Pós-Graduação em Letras da PUC Goiás. Prefácio a "Bibliografia e Fortuna Crítica de José Sarney", Geia, 2019.   Prefácio a Bibliografia e Fortuna Crítica de José Sarney  Li “Saraminda” e quanto amei esse belo livro. Depois dos pescadores do Nordeste, José Sarney faz reviver os faiscadores de ouro de Caiena e do Amapá com a mesma sensibilidade aguda à realidade etnográfica permeada por um poderoso lirismo.   Claude Lévi-Strauss Como resultado de um amplo e consistente projeto, Continue a ler

João Gaspar Simões

João Gaspar Simões •Escritor português, crítico literário e jornalista, responsável pelas primeiras publicações de Fernando Pessoa. Prefácio da edição portuguesa de Os Maribondos de Fogo, Bertrand, 1986   Sobre Os Maribondos de Fogo José Sarney e as fontes da poesia brasileira Pensou o nosso Almeida Garret que indo buscar no romanceiro nacional os laços que atavam a poesia portuguesa do seu tempo, princípios do século XIX, poesia desatada da tradição medieval por obra e graça dos artífices das Arcádias e de outras maneiras poéticas mais ou menos importadas, recuperaria o Continue a ler

A Aliança Democrática

Em junho de 1984, impedido de realizar prévias para escolha do candidato à sucessão presidencial, com a pressão do pré-candidato Paulo Maluf sobre o presidente Figueiredo, Sarney deixou o PDS. Criou, com dissidentes do partido, a Frente Liberal, que constituiu a Aliança Democrática com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Para a eleição presidencial de 1985, ainda indireta, a Aliança lançou a chapa com Tancredo Neves para presidente e José Sarney para vice. Conseguiram imponente maioria no Colégio Eleitoral, com 480 votos, contra apenas 180 da chapa adversária, dentre Continue a ler

O fim do AI-5 e o PDS

Foi o relator da Emenda Constitucional n.11 que, em 1978, revogou todos os atos institucionais do regime militar. Apontou, em seu parecer, que a emenda não acabava com o autoritarismo, mas representava o começo de um longo processo. Reeleito senador em 1978, no ano seguinte Sarney passou a presidir seu partido. Com o fim do bipartidarismo e das duas legendas que o compunham, foi para o Partido Democrático Social (PDS), tornando-se seu primeiro presidente. Elaborou o programa do PDS com forte viés social.

Deputado Federal

Sua presença nacional se refletiu na política maranhense. Nas eleições de 58, comandou um bloco de oposição ao grupo de Vitorino Freire, a Oposição Coligada, que conquistou quatro das dez cadeiras da bancada maranhense na Câmara dos Deputados, sendo o mais votado da chapa. Com o mandato pleno e a efetiva liderança política no Maranhão, passou a ter acesso às deliberações partidárias. No partido um homem fazia o espetáculo de massa: Carlos Lacerda. O grande tribuno tinha um jornal, que fazia as vezes de porta-voz da UDN, a Tribuna da Imprensa. Continue a ler